Não enterrar a palavra num poema
Ou empalhá-la
Atulhando-lhe o peito
Que fica formosíssima assim
Mas morta.
Embora que pra isso
Tenha que não ter começado o que já comecei
Tenha que não ter dado o primeiro ai do resmungo que prossigo
Tenha que não ter trancado a palavra num quarto abafado sem janelas]
Tenha que não ter discordado de que ia bem a palavra sem mim
Tenha que não ter pigarreado este circunlóquio autoritário
Mesmo se acaba-se já o estrago está feito
e não adianta chorar o leite coalhado.
domingo, 18 de novembro de 2012
quarta-feira, 14 de novembro de 2012
Poema de Morte II
Curvo-me ao ferro
Que não vara-me o
ventre
fica ainda acena-me
sem face sem olhos
limpo, franco
sem ranho
ranhura
Inoxidável
duro e afável e dura
deixa claro
cristalino
embrulha mo
intestino
que me pode furar
agora
não fure embora
mas pode
me fura
quer seja
Agora
ou depois e depois e
depois
tudo que sucede
agora
e torna a ser agora.
curvo-me ao ferro
que não vara-me o
ventre
agora e agora e agora e agora
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