quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Basbaque VIII

uma broa de milho no café até parece um preço nem tão salgado
eu poderia pagar se não fosse essa coisa constante de nunca ter
[dinheiro
até já cansa reclamar desse tipo de coisa
é um problema que todo mundo persegue padece
mas na verdade talvez se tenha
várias maneiras de não ter dinheiro e de reclamar deste mesmo
[problema
mas eu não tenho
inspiração de fazer alguma coisa a respeito
o que também é outra maneira de mesmo padecimento igual
essa coisa impotente banal de ter a mesma coisa sempre
que você quer fazer um pouco diferente
e ainda assim não ver a a sua caveira.

na verdade não eu não posso mais
seguir
pois toda vez que você quer que eu diga que dá
ainda
eu sei que dá
e por isso é que eu não quero mais
porque eu sei que sempre estaria errado na minha convicção de não
[poder
mais
enquanto impossibilidade
na verdade eu tenho que entender que a minha vontade
de parar
de parar
de parar
não tem a ver com as possibilidades reais
colocadas ou a serem colocadas no mundo
mas só que na verdade talvez não haja como resolver o problema
isso todo mundo pelo menos sente se não sabe
na verdade não tem como resolver nenhum problema definitivamente
ou melhor
tem
como resolver o problema
mas a questão não é tão resolver
o problema mas a questão
é que os problemas nunca param de se colocar
e talvez eu tenha me cansado
de ter que lidar com eterna colocação de problemas.

eu dizia sobre o fantasma, quer dizer, nada disso, sobre o café
naquela vez você não me pôde dizer
o que foi que te incomodava em mim
mas eu bem sabia que você não queria
dizer
na verdade eu bem sabia que você não podia dizer
porque você bem não sabia o que era
era mais uma sensação terrível
que você não conseguia desvencilhar ou alguma coisa do gênero sim porque na verdade eu já tive várias vezes coisas bem parecidas
eu não consigo dizer
talvez não queira dizer
eu não quero dizer
talvez não consiga dizer
mas na verdade
na verdade eu não gosto tanto de dizer na verdade
na verdade parece que eu já entendi
e vou te falar qual é a parada.

qual é o problema na verdade
eu não posso dizer
porque essa é a questão
quem será que pode dizer definitivamente
na verdade o problema é achar que alguém pode dizer
definitivamente
o problema não para de se colocar
e essa é a questão
essa é a questão
essa é a questão
por exemplo assim não dá
alguém chegar e dizer qual é a questão
quando quem como
essas questões também não param de se colocar
por isso que uma teoria é tão difícil de se fazer
teoria é tão difícil de se fazer
e eu não quero mais ser a pessoa te dizendo o que fazer
e nem como deve amar alguém ou alguma coisa por aí.

eu não quero mais ser aquela pessoa
que pode te parar
te impedir
ou te sugerir
alguma coisa
eu não quero ser essa pessoa
porque na verdade não acredito muito que possa haver uma pessoa assim com esse tipo de poder
que possa te dizer o que fazer
no que você pode acreditar do que ela tem a te dizer quanto a você.

todo mundo sabe do que se trata não preciso continuar como se fosse
[professor
essa coisa assim
que quer ensinar as pessoas a viverem suas próprias vidas
eu não quero continuar
por isso eu vou falar de uma coisa sobre a qual eu tenho algum domínio apesar de também não saber muito a respeito
que se trata de mim
de mim
eu queria poder parar de falar eu
mas sou meio viciado nessa coisa de falar eu
blá blá blá eu eu eu
blá blá blá eu eu eu
eu ainda não entendo toda essa voracidade de continuar nessa primeira pessoa terrível.

eu queria poder ser alguma coisa interessante
não pra humanidade
não pra humanidade
nesse sentido
calorosamente
carinhosamente
foda-se a humanidade
não porque eu seja mais importante
hierarquia que se coloca como questão quanto a nomes
mas é porque eu faço melhor à humanidade
se não falo escrevo ajo em nome dela, nem no meu ou em outro
não me preocupando com ela.

segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

Basbaque VII

Fato é que eu não corro mais
qualquer vez que você fizer correr.
Fato é que eu não posso mais,
também pudera, tanto eu fui correr.
Fato é que eu não quero mais
aquilo por que tanto já penei.
Fato é que não sei precisar
quando se quer quando se deixa de querer.

Já no café da manhã eu mesmo não posso suportar a minha voz
que me diz mais ou menos a mesma coisa que me diz quando me diz
[alguma coisa.
Mas se eu calo e olho pra parede, aí pode interessar escorregar,
como se, e na verdade sim, não importasse bem o que eu pensasse.