sábado, 29 de maio de 2010
Ela, de fora
Seu rosto é pequeno. Quando vi de costas, os cabelos curtos, achei que talvez me lembrasse alguém. Mas é diferente e mesmo díspar de, talvez, todos que já vi ou conheço. Tudo se amarra teso: nariz, boca, olhos, etc. É uma soma transbordante que um dia pode arrancar seu rosto do seu rosto. Por ora, controla-se numa fotografia. Daqui a alguns anos, quando virem você na rua, não saberão quem você é. Assim: você fica escrevendo poesia debaixo do sol. Se o vento leva os papéis, você tem brisa e nada na água. Se não vier, você tem poesia escrita. Você vai embora. Irá. Sem dar por si, querendo sugar vida de uma pedra, sugando a vida de uma pedra. E a sua boca desmancha e borbulha, seus olhos mergulham nas órbitas e seu nariz escorre e pinga no chão. Aprendeu a ser pedra, sendo observada fotografia.
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