Sou uma mulher acima do peso. Atraente o suficiente, assim o
penso, para ocasionalmente arrumar alguma coisa. Assim, às vezes chupo um pau,
me comem, etc. O que significaria dizer que em termos de sexo eu provavelmente
não sou problemática. Talvez então seja correto dizer isso. Também se
aproximam mulheres. Eu não curto muito. Mas ok. Descobri que devo chupar bem
uma boceta, o que se afigurou como algo no mínimo surpreendente para mim. As vezes que o fiz, foi sob efeito de álcool,
enfim, nada comprometedor, antes catalisando um processo do que propriamente materializando algo bizarro do nada (isto é, o álcool simplesmente adiantou algo
que já ia acontecer e não em absoluto provocou um absurdo pelo qual eu não me
responsabilizo), na medida em que suaviza um julgamento relativo aos efeitos do
odor sobre meus sentidos, bem como da aparência monstruosa, e também de pensar
antecipadamente sobre como serei vista depois de ter chupado a boceta em
questão, ainda que ninguém venha a saber, isto é, supondo que eu peça à dona da
genitália que não conte a ninguém, afinal de contas - eu diria envergonhada - eu
nunca fizera aquilo, etc., ou algo do tipo, eu ainda teria que me conceber como
alguém que chupou uma boceta. E aí algum infeliz me pergunta numa situação
social casual, num tom amistoso e franco que espera reciprocidade, mas você
curte mulher?, e ele acha que consegue ler minha cara, a qual estaria para além
da minha resposta, ou que o meu titubeio diria mais que a minha resposta.
Foda-se. Estou acima do peso. Consigo pegar grandes quantidades de
pele do meu flanco e esticá-las, longe do corpo. Na direção de rasgá-las, aí um
torniquete se faria necessário. Tenho medo de esticar até onde parece que é de
fato capaz de ir. Sem falar que tenho medo de que não voltem para o corpo, que
fiquem penduradas. Destino comum da pele. Dependurar-se. Como um saco. O
corpo velho é um grande escroto. Foda-se estou acima do peso.
Ontem, por exemplo, estávamos numa festa. Aí um carinha tava
olhando pra mim. Geralmente quando isso acontece, arrumo uma bebida; ou arranjo
eu mesma ou peço pra alguém perto de mim arranjar. E rola alguma coisa. Qualquer coisa. É foda, eu não tinha nem meia hora de
festa. Não que preferisse, sei lá, escutar a música e dançar. Não, de fato,
eu prefiro foder, mas achei meio fodido da parte do maluco lá. Pelo jeito não
devia ser cedo pra ele, tava com aquele olhar escroto de bêbado. Pensei ok. Talvez
seja correta a postura dele. Só que tenho que entrar na vibe. Isso eu. Era meio bonito
até. Pelo menos de longe. Chegou perto de mim e falou duas coisas. “Oi” e
“Você...”. Disse oi depois do oi dele, e botei a mão no peito dele depois do
você. Eu segurava uma dose de vodca. Botei a mão no peito dele, abri um
sorriso, Segura pra mim um instante?, vou no banheiro. Ele balbuciou, Pode
beber? Só se você pegar outra pra mim. Virou a porra da vodca de um gole. Deve ser um
idiota. Olhei meio horrorizada praquela idiotice. Mas quando ele sorriu de
cara inchada, uma gota babada escorrendo pelo queixo, sorri de volta. Foda-se.
Entrei no banheiro, ergui a tampa, providenciei não sujar a bunda na bandeja mijada, papel higiênico, etc., sentei. Queria mais era cagar, mas mijei apenas. Um gesto demonstrando alguma raiva, seria. Tava tocando Lady Gaga a essa
altura. And I lay in bed I touch myself and think of you. Sim, isso
merecia merda. Sei lá, acho que tem
a ver. O mijo já descia e eu não tinha
a paciência de tentar buscar a disposição psicofísica para um acionamento dos
intestinos tão racionalmente deliberado num espaço tão comunitário quanto aquele banheiro (um
acionamento que não combina muito comigo: – 1. quero cagar; e 2. cagar, em resposta
imediata. Sou do tipo: – 1. merda, preciso cagar; e 2. correr pra dar conta da solicitação
fisiológica torcendo pelo final feliz). Tinha isso, o banheiro era bem perto
dos ajuntamentos de pessoas chapadas. Então o cheiro ia empestear o lugar. Claro
que pelo avanço do entorpecimento de corpos, o mau cheiro entraria numa conta
comum, que ninguém endereçaria a mim, mas àquele corpo somatório dos corpos
presentes, uma merda de vários cus juntos. Algo assim. Geralmente é mais
compreensível quando alguém vomita. Enfim, destilados e gente na faixa dos
vinte-trinta, tem sempre quem se foda. Se bem que rola sempre o olhar de por
cima da galera que não vomita, do tipo “é, que pena a pessoa não saber seu
limite”. Às vezes esse vômito é justamente uma modulação hiper soft core de um
suicidiozinho. Em outros termos: foda-se o limite. Estou aqui tentando me matar
e você se achando foda e lamentável o fato de que eu bebi demais e você não. Ah
vai se foder. O mijo já tinha parado de sair. E eu ainda lá. Não sei por quanto
tempo permaneci sentada. Umas gotas presas nos pelos. Fiquei puta porque tinha
deixado a merda da vodca com o idiota lá fora. Que aliás foi realmente ajudado
pelo jogo de luz e sombra da festa. Era cara de playboy regular, braço gordo de
academia, dente branco esquadrinhado, cabelo cortado, cara parecendo bunda de
bebê, o rosto vermelho queimado de praia duma maneira ridícula, quando até os olhos
ficam vermelhos, cabelo penteado e duro tipo secado com secador. Com a língua
menos pesada e pastosa deve ser daqueles rapidinhos, que fala coisas
rapidinhas, solta umas piadas escrotas se achando foda pra caralho, e deve se achar o fodedor. Assim, ele era bonito,
mas meio: bonito-porque-vendeu-a-alma-pro-diabo. Algo assim. Aí eu precisava de mais
vodca. Aí peidei. E pensei, hum, pode ser que eu venha a cagar de fato. Então
esperei. Me ensinaram a não fazer força, que isso estraga o cu. Arrebenta o cu,
estoura as veias, pra ser mais precisa. Peidei. Pensei ok, talvez role mesmo,
já parecia que começava a sentir alguma coisa se anunciando no tecido do
intestino, algo se movendo.
À porta ouvi sua voz novamente.
Desculpa, é, qual o seu nome? Falei qualquer nome. X., cê tá bem? Tô, e você, tá bem? Quê?, tô, é
que você tá há um tempo aí. Só tem esse banheiro aqui? Hã?, não, tem outro,
acho. Então o pessoal não tá aflito por conta de não poder mijar aqui né? Não.
A galera tá mijando de boa então num segundo banheiro. Não, sim, eles tão ok,
mas cê tá bem? Sim e você? Quê? Cara
insuportável. Tá com a minha vodca aí? Tô. Cê já viu mulher pelada? Quê? Caralho. Já viu Pulp Fiction? Quê?, Pulp
fiction, sei, já vi. Então, if you say what again, já viu mulher pelada? Já. Então
cê entra aqui rapidinho?, vou destrancar a porta. Aí fui me levantar e caguei. Ah, haha, só um instante, já vou
abrir. Tá. A voz saiu com aquele embargo
de merda sendo expelida pelo cu. Ri. Esperei até tudo sair.
Levantei, olhei. Estou acima do peso. É, tinha cagado mesmo,
quem diria. Destranquei a porta. Me olhou pelada, boceta, coxas, pernas,
pés. Deu um sorriso escroto. Puxei pra dentro. Tranquei a porta. Peguei o
copo da sua mão, mais cheio que o último, e virei. Sorri pra ele, sorriu em resposta,
meti a mão na calça e peguei o pau. Já tava até meio duro e molhado. Beijei
ele na boca. Mas rapidinho e tal. Fechou os olhos durante, abriu-os naquele
ritmo típico sonolento. Ainda nem tinha olhado pra boca da latrina. Despenquei
minha cabeça na direção, apontei com o dedo. Se liga. Ele olhou e tomou um
susto, ficou sóbrio por um instante. Caralho, que nojo. Eu que fiz. Porra, que
nojo. Nem limpei a bunda. O quê? Aí ele
olhou pra mão, filho da puta, tinha enfiado a mão na minha bunda, e eu nem
tinha sentido. Tinha merda nas pontas dos dedos, de três, sem contar o mindinho
e o polegar. Perguntei. Ai, que nojo, cara, cê curte essas coisas? Eu?,
achei só que você tava pelada, só querendo dar. Meditei brevemente. Se você lamber sua mão, eu te dou agora. Quê? Does Marcellus Wallace look
like a bitch?, so why are you trying to fuck him? Gritei, imitando o Samuel L. Jackson, rindo. Mas isso é merda. Tô
ligada. É merda, porra. E é minha,
não escrotiza.
Aí uma merda de um
dilema que esse idiota não esperava encontrar num sábado à noite. Se eu
lamber, você me dá? Dou. Sério? Pra caralho, dou muito sério. Olhou pra mão. E se eu não lamber? Não
dou, né, cara, que pergunta. Não? Não. Por quê? Hã?, cara, é simples, você
lambe, eu te dou, não lambe, não te dou, fim. Tá. Devagarinho, lambeu um dedo. Urgh, que nojo, caraaalho. Não vomita.
Não. Sério, não vomita. Tá, não vomito, que nojo. Caralho, fiquei com mó tesão.
Rolou um engulho nele. Deu uma babada, aqueles
sons de goela, quase vomitando. Não vomita, porra. Tá, urgh... – engulho. Caralho, não vomita essa porra.
Ele olhando com aquela cara de idiota
pros dois dedos faltantes. Me ajoelhei, abri a calça dele e puxei o pau pra
fora, já meio mole pela recondução do sangue a áreas mais capazes de lidar com a situação via inteligência aeróbica e enfiei na boca. Chupei um pouco. Ele parou, destensionou
alguns músculos, deu uma gemida. Parei. Concentra aí e não vomita. Caralho.
Enfiou os dedos na boca e chupou tudo,
ficou bem limpo. Deu um arroto, caiu no chão e vomitou na privada. Porra. Enfiei o pau dele na minha boca, já mais
duro e ocupando mais espaço.
Minha
mão na minha boceta e me masturbando ao mesmo tempo. Continuou vomitando.
Acho que era a conta da noite e tal. Coitado, não saber do próprio limite.
Haha, tipo isso. E a merda. O pau ia ficando mais duro. E os gemidos de
pós-vômito e da chupada. Vomitava curtindo a chupada. Uma hora parou de vomitar
e gozou. Tremeu. Tirei o pau da minha boca e ele gozou o resto no chão. Também
gozei de minha parte e por minha conta. Cuspi a porra na pia e lavei as mãos.
Deixei a bunda suja mesmo. Boa noite. Beleza. Apaguei as luzes, saí do banheiro
e fechei a porta. Falei com as garotas que tava indo. Já? Já, um carinha hiper
maluco aí, saiu vomitando comigo no banheiro, bizarríssimo. Putz e quem é? Ah sei lá,
um cara aí. Bonitinho, pelo menos? Até era, mas maluco, sabe, prefiro não. Sei,
mas cê vai sozinha? Pego um táxi, tá tranquilo, tô com grana. Beleza então. Beijo. Beijo.
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