domingo, 14 de junho de 2015

Martin Parr



















Vômito ou quase e frio uma boceta pequena de gosto aguado junto ao fundo da pior música rachando mal o silêncio a pior porque marcará essa sucessão de instantes sob fogo azul toda essa temperatura repugnante novamente frio como a virilha fria em mau dia azeda azul seria um fogão em que uma boca está ligada no escuro ela não é fria mas vê-la é frio enquanto estamos conversando em outro quarto sentindo a textura que a cachaça deixara em nossos dentes, línguas e ideias.

A propósito mas em outra vida, descíamos cheirosos, de banhinho tomado, deliro uma fogueira, uma menininha corre atrás de um menininho, as pilastras e paredes em que se seguram e escondem parcialmente os corpos e sorriem nunca pareceram tão sólidas, os risos desfiguram o rosto e esquentam ligeiramente o entorno. Dobro os antebraços um sobre o outro sobre a mesa os cotovelos me apoiam, um vento frio corre nada é importante e as árvores silentes e me trouxeram um vinho tão doce que é jocoso e agora eu rio como eles com dentes negros alguém desenterrará uma cachaça logo mais muito preciosa seja por sabor ou saudade alguém requenta o macarrão de hoje cedo e sinto o cheiro que me dá fome e o teco metálico de garfo em dentes. Fala-se e não ouço nada que não seja tudo simultâneo e indiscernível e lá vem a cachaça eu digo claro à mão que me aponta a cachaça ou o copo e traz o copo na outra e a cachaça em uma e eu digo claro e ela sorri e fala alguma coisa e o põe na minha frente e inclina a garrafa um seio em meu cenho me serve e descreve a cachaça e isso eu ouço distingo pedaços de palavras mas não entendo e brindamos todos e bebemos todos.

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