Isto não é em absoluto o que fiz. Havia haveria evidências
poderia haver várias evidências porém talvez nenhuma. Talvez nenhuma
testemunhada por outrem. Talvez nenhuma novamente. Isto não é minha mão se
encaminhou por bandas que não havia desenhado, por bandas que não havia, não,
isto não é o que fiz, alguém entrou e mudou tudo, desfez, há outra obra, que
não é minha, pode ser ter sido a partir da minha, mas não é a minha de jeito
maneira, não é a minha, isto não é em absoluto o que eu fiz compreendo. Faço-me
fiz sei que não fiz isto alguém entrou e mudou fez desfez tudo fiz não isso o
que vejo e que alguém desfez o feito por mim não foi isto agora aqui que fiz
senão outro alguma outra coisa que foi conspurcada de cujo conspurco saiu isto.
Minhas bandas as bandas que minhas mãos designam quando se movem moveram não
reconhecem o que ora veem não reconhecem em absoluto no que vejo o que fiz, não
reconhecem o que fiz no que vejo. No que prendo a atenção não é minha em
absoluto o que fiz minhas mãos cujas linhas que designam e as bandas por estas
bandas por aquelas bandas andar por estas por aquelas bandas elas designam não
reconhecem no que vejo o que fiz não é o que fiz não é isto em absoluto o que
fiz. Alguém entrou desfez o que fiz ao desenhar as bandas as linhas que minhas
mãos perseguiam afoitas de menor afã seja lá quem for quemquerque etc tenha
vindo desfeito fissurado o que era minha e agora em absoluto não é o que fiz.
Alguém entrou e cuspiu e agora me aponta em riste me irrita me tenta tenta me
irritar com o dedo em riste e talvez seja que tenha feito desfeito o feitio do
que fiz para me irritar e me em riste o dedo indagar ou acusar ou indagar
perante o testemunho vário de outrem mas de modo a que a indagação sirva de
acusação uma insinuação estou como um réu isto não é em absoluto o que fiz digo
repito de tal modo insistente e pouco interessante e convincente e sensual e
crítico que mesmo eu em sendo eu tal como réu em minha divina ignorância
gostaria de me ver linchado e detesto a tolerância que separa as unhas afiadas
de outrem de minha garganta, da ruga rosa roxa rubra rósea subcutânea. Não é em
absoluto o que fiz. Meu músculo não é o que fiz fez o meu músculo não é o meu
músculo que fez o que fiz e o que foi feito desfeito do que fiz o conspurco do
que foi feito do que fiz não é o que fiz não fiz o que foi feito do conspurco
do que foi feito do que fiz. Não é em absoluto o que fiz. Admirável divina
ignorância superposta àquela sim perto de deus, a que se sobrepôs a ignorância
tida dita raciocínio sobre a divina via de fato via de regra egrégia, não sinto em
conúbio santo a ignorância insuflando mãos cuspindo unhas arando os minúsculos
sulcos superficiais de minha derme os freáticos lençóis sanguíneos tão
colesteróicos e fodidos em geral aflorando à superfície dizendo aqui está sendo
feito algo deste que fez isto estão sendo feitos fartos votos violentos
raivosos ante vedada a verdade dos veros olhos de todos nós cujo medo é velho
coetâneo do mundo veraz velho e viável ainda viável vê-se parecer viável uma
vez ante vedada a viabilidade de mundo e é isso aí mas, dizia, o conúbio entre a
referida e minha garganta rasgada.
sábado, 16 de novembro de 2013
quarta-feira, 13 de novembro de 2013
Incidente
Sobre a janela havia um copo que terá caído. Fora afora. Quase cheio. Não me lembro de seu conteúdo. Talvez fosse escuro. Lembro-me de algo escuro. Pode ser que o copo fosse escuro, daí qualquer conteúdo (em tais circunstâncias, a água seria pelo menos tão escura quanto o copo) ter sido escuro, qualquer que pudesse ter sido escuro. Que terá secado no chão afora uma vez caído. Talvez aí aclarando-se. Ou escurecendo quanto qualquer líquido na pedra. Mas isso será depois.
Eu já tinha me deitado e terei me levantado, antes de saber de seu sumiço. Não verei mais o copo. E pensarei que devo tê-lo guardado. Ou colocado em outra parte, pois não me lembrarei de tê-lo guardado. Aquela marca redonda deixada pelo copo me colocará dúvida. Esteve aqui, estava, me lembro – lembrarei – e agora está – estará, terá sido posto – em outro lugar. Perguntarei a ela do copo. Ela me terá dito que colhera os cacos fora. Fora direi inquirir. Fora ela. Quando. Sim ontem ou. Então não será certo, digo, não está ou é certo. Caiu. Caiu (?) você derrubou? Eu? Você. Eu não sei. Eu não sei – não saberei. A marca ali se anunciará.
No olho do espírito, vejo duas, uma auto relevada de água, pode ter sido sulcada (inversamente, um sulco na atmosfera) em função da água, dentro, ou a que escorreu, fora, da condensação do conteúdo – escuro ou claro que seja – frio de dentro. Ou marca já – será então – seca de café. Duas alternativas. Pretendo a suspeita que se excluam. Sendo que uma delas se subdivide. Anúncio de que ele ali estava. Não terei sabido por quanto tempo. Eu, como a marca, anuncio a ela que ele ali estava. Sim ela caiu. Caiu (?) você derrubou? Eu (?) talvez o vento. Estava quase cheio. Um vento mais pesado. Não. Pode ter evaporado. Ou isso – já isso talvez. Terá se evaporado, e não mais pesava, senão o copo, seu peso somente, e um vento o terá – teria – derrubado.
Não necessariamente pesado, se se é dada a suposta evaporação, entretanto, se não, terá – teria – sido suficientemente forte ou pesado para empurrar o copo, por sua vez pesado (feito pesado por seu peso acrescido do peso do conteúdo). É preciso considerar, entretanto, que a segunda hipótese (apresentada primeiro por ela) foi recusada e foi dessa recusa que se aventou – tratou-se de um verbo acidental, refaço a oração – que se levantou – apesar da queda – a hipótese da evaporação. Por quanto tempo terá ficado lá o copo a ponto de que evaporasse todo ou parte suficiente de seu conteúdo em razão de um vento (não necessariamente, mas suficientemente forte) que o derrubasse.
Pode ser que ela o tenha jogado ou deixado cair. E não me contará, terá mentido. Eu não saberei por que terá mentido. Eu não me importava com o copo, isto é, a ponto de justificar semelhante mentira. Importava-me na medida em que cumpria bem sua função. Fosse um copo rachado, por exemplo, daria ainda menor importância, na medida em que geralmente uma rachadura configura uma aparência menos aprazível, mas não era o caso. Porém, nada aparente que justificasse uma mentira. Eu me importava antes com saber o que terá – teria – acontecido. O que foi? Caiu? Caiu. E você. O que? Você jogou? O copo? O copo. Se eu joguei o copo? É. Você acha que eu joguei o copo pela janela e estou mentindo pra você dizendo que um vento derrubou o copo? Estou só perguntando. Eu também estou só perguntando, você acha? Não. Então você tá de sacanagem. Não. Então você acha que eu joguei. Eu não sei. Eu já te disse que caiu. Você viu cair? Eu vi ele espatifado no chão. Mas viu cair? Não. Ouviu cair alguma coisa? Não, vi quebrado no chão, catei a porra dos cacos do chão. Você não jogou. Não. Pode ser que mentisse para mim. Não sei, saberia, terei sabido, antes de saber de seu sumiço. Eu já tinha me deitado e terei me levantado antes de ter caído o copo, parecerá – seria. Ou saber de seu sumiço. É o que terei sabido antes de dormir novamente e não ter ainda sabido que caiu – terá caído, cairá – o copo. Sumido, ao menos.
Eu já tinha me deitado e terei me levantado, antes de saber de seu sumiço. Não verei mais o copo. E pensarei que devo tê-lo guardado. Ou colocado em outra parte, pois não me lembrarei de tê-lo guardado. Aquela marca redonda deixada pelo copo me colocará dúvida. Esteve aqui, estava, me lembro – lembrarei – e agora está – estará, terá sido posto – em outro lugar. Perguntarei a ela do copo. Ela me terá dito que colhera os cacos fora. Fora direi inquirir. Fora ela. Quando. Sim ontem ou. Então não será certo, digo, não está ou é certo. Caiu. Caiu (?) você derrubou? Eu? Você. Eu não sei. Eu não sei – não saberei. A marca ali se anunciará.
No olho do espírito, vejo duas, uma auto relevada de água, pode ter sido sulcada (inversamente, um sulco na atmosfera) em função da água, dentro, ou a que escorreu, fora, da condensação do conteúdo – escuro ou claro que seja – frio de dentro. Ou marca já – será então – seca de café. Duas alternativas. Pretendo a suspeita que se excluam. Sendo que uma delas se subdivide. Anúncio de que ele ali estava. Não terei sabido por quanto tempo. Eu, como a marca, anuncio a ela que ele ali estava. Sim ela caiu. Caiu (?) você derrubou? Eu (?) talvez o vento. Estava quase cheio. Um vento mais pesado. Não. Pode ter evaporado. Ou isso – já isso talvez. Terá se evaporado, e não mais pesava, senão o copo, seu peso somente, e um vento o terá – teria – derrubado.
Não necessariamente pesado, se se é dada a suposta evaporação, entretanto, se não, terá – teria – sido suficientemente forte ou pesado para empurrar o copo, por sua vez pesado (feito pesado por seu peso acrescido do peso do conteúdo). É preciso considerar, entretanto, que a segunda hipótese (apresentada primeiro por ela) foi recusada e foi dessa recusa que se aventou – tratou-se de um verbo acidental, refaço a oração – que se levantou – apesar da queda – a hipótese da evaporação. Por quanto tempo terá ficado lá o copo a ponto de que evaporasse todo ou parte suficiente de seu conteúdo em razão de um vento (não necessariamente, mas suficientemente forte) que o derrubasse.
Pode ser que ela o tenha jogado ou deixado cair. E não me contará, terá mentido. Eu não saberei por que terá mentido. Eu não me importava com o copo, isto é, a ponto de justificar semelhante mentira. Importava-me na medida em que cumpria bem sua função. Fosse um copo rachado, por exemplo, daria ainda menor importância, na medida em que geralmente uma rachadura configura uma aparência menos aprazível, mas não era o caso. Porém, nada aparente que justificasse uma mentira. Eu me importava antes com saber o que terá – teria – acontecido. O que foi? Caiu? Caiu. E você. O que? Você jogou? O copo? O copo. Se eu joguei o copo? É. Você acha que eu joguei o copo pela janela e estou mentindo pra você dizendo que um vento derrubou o copo? Estou só perguntando. Eu também estou só perguntando, você acha? Não. Então você tá de sacanagem. Não. Então você acha que eu joguei. Eu não sei. Eu já te disse que caiu. Você viu cair? Eu vi ele espatifado no chão. Mas viu cair? Não. Ouviu cair alguma coisa? Não, vi quebrado no chão, catei a porra dos cacos do chão. Você não jogou. Não. Pode ser que mentisse para mim. Não sei, saberia, terei sabido, antes de saber de seu sumiço. Eu já tinha me deitado e terei me levantado antes de ter caído o copo, parecerá – seria. Ou saber de seu sumiço. É o que terei sabido antes de dormir novamente e não ter ainda sabido que caiu – terá caído, cairá – o copo. Sumido, ao menos.
quarta-feira, 6 de novembro de 2013
Agora sim
love so deep
kills you in your sleep
it's true
David Byrne
Assim: angústia perene, interpolada por alguns momentozinhos de outra coisa, como fosse condenado a viver debaixo d'água com poucos momentos para respirar. Alguns desses momentos eu respiro numa boa, é uma merda estar debaixo d’água, mas vou lá, respiro, ok, outros nem sinto o prazer de sorver o ar, mas simplesmente respiro para não morrer afogado, é somente ligeiramente diferente de estar debaixo d’água, o ar entra e me mantém vivo, me retorna à agonia de viver sem ar e sem poder me mover como deveria, fora da água, pois estou dentro d’água, não estou nunca onde quero estar ao tempo em que desejo lá estar, as braçadas me custam muita energia e meu esforço não corresponde a meu deslocamento, desloco-me pouquíssimo, para quantidade enorme de esforço e consequente cansaço, sendo que há outros a meu redor, desempenhando calmamente suas funções, também eles na pressa de estar ou de chegar, porém rejeitam suas implicações danosas e dolorosas como o corpo rejeita o que quer que seja num espirro, numa tosse, num vômito, o problema deles é meu, que é deles torna-se meu, eu devo ser responsável pela minha pressa e pela pressa deles, se esbarram em mim, esbarram calmamente, sendo que, aqui, o esbarrão demora, os dois corpos se esfregam, um ao longo do outro durante muitos segundos, as trajetórias se suspendem por um tanto, eu me desespero, ele talvez queira me matar, ou cuspir em mim, ou talvez se contente com uma observação mal humorada, que no fundo talvez queira dizer, “você me atrapalha, o fato de que você está aí me atrapalha” e pior “o fato de que você possa vir a estar aí me atrapalha”, mas estando vivo eu posso sempre vir a estar aí ("aí" que é qualquer lugar, uma vez que em qualquer lugar é possível encontrar um interlocutor), ou seja, eu, porque existo, atrapalho, eu, porque existo atrapalhadamente, porque não consigo fazer funcionar trajetórias simples experimentadas como cotidianas pela maioria (ou, ao menos, aparentemente assim o é), atrapalho, eu, ao invés, experimento-as como uma viagem ao núcleo duro de angústia, infernal e mortífero, e necessito me queimar, e necessito bater minha cabeça, cortar minha orelha, e necessito causar-me dor, porque eu ainda não sou capaz de duvidar da dor. A dor é sincera, isto é, a dor franca e totalmente física, claro, que em alguma instância essa angústia é também física (se primeira, última ou intermediária, já não sei), porém, a dor da agressão aos tecidos é mais direta e menos simbolizável, menos metafórica, pode-se conjeturar a respeito de “mas por que ele faz isso”, mas não a respeito de que aquilo dói. E é bom que doa, e que sangre ou verta pus, e que a cicatriz fique lá me lembrando: não é que tudo tenha sido tirado de você, você ainda pode se matar. Essa possibilidade, não obstante, ainda é muito fictícia, matar-se, (matar-me), pois é preciso que se passe por cima de muitas coisas. Por exemplo, si, a ideia que se faz de si, exterminador de si mesmo. Si como praga. (Em sendo si já sido, determinado, levado a cabo, terminado, exterminado, posto a seu termo, em seus próprios termos de seu próprio término, o fim de si pelo si sido, o termo em termos próprios de si não é determinante, terminante, isto é, é preciso que já não se seja si, para se terminar, auto determinar, ou melhor, o suicídio, melhor pensá-lo como extermínio de si, indeterminar-se). Mas também planos, planos de si e para si. Tudo que poderia ter sido. Nostalgia do que poderia, e, pior, aqui, do que poderá ser se não se fizer isso agora. Minha vida era-será tão boa, e eu pondo fim a ela. E quanto a o que serei? E o que haverá depois de ultrapassados os problemas terríveis e lancinantes de agora? Como pode ser que eu me mate? Logo eu por fim à minha vida? Estou estarei errado? Impossível saber. Posso pensar: sim, considero essa possibilidade porque os problemas estão especialmente terríveis, e já é sabido que os problemas, é possível dar fim a eles, ou melhor, resolvê-los. O problema é tal que a condição em que me ("me" talvez generalizável, isto é, arregaçável para abarcar outros) encontro significa sazonalidade de horripilância de circunstâncias. Da frigideira pro fogo. E de volta pra frigideira. Não se matar significa esperança de alguma hora melhor, do contrário seria masoquismo. Existe, sim, a hora melhor. Mas e daí?
kills you in your sleep
it's true
David Byrne
Assim: angústia perene, interpolada por alguns momentozinhos de outra coisa, como fosse condenado a viver debaixo d'água com poucos momentos para respirar. Alguns desses momentos eu respiro numa boa, é uma merda estar debaixo d’água, mas vou lá, respiro, ok, outros nem sinto o prazer de sorver o ar, mas simplesmente respiro para não morrer afogado, é somente ligeiramente diferente de estar debaixo d’água, o ar entra e me mantém vivo, me retorna à agonia de viver sem ar e sem poder me mover como deveria, fora da água, pois estou dentro d’água, não estou nunca onde quero estar ao tempo em que desejo lá estar, as braçadas me custam muita energia e meu esforço não corresponde a meu deslocamento, desloco-me pouquíssimo, para quantidade enorme de esforço e consequente cansaço, sendo que há outros a meu redor, desempenhando calmamente suas funções, também eles na pressa de estar ou de chegar, porém rejeitam suas implicações danosas e dolorosas como o corpo rejeita o que quer que seja num espirro, numa tosse, num vômito, o problema deles é meu, que é deles torna-se meu, eu devo ser responsável pela minha pressa e pela pressa deles, se esbarram em mim, esbarram calmamente, sendo que, aqui, o esbarrão demora, os dois corpos se esfregam, um ao longo do outro durante muitos segundos, as trajetórias se suspendem por um tanto, eu me desespero, ele talvez queira me matar, ou cuspir em mim, ou talvez se contente com uma observação mal humorada, que no fundo talvez queira dizer, “você me atrapalha, o fato de que você está aí me atrapalha” e pior “o fato de que você possa vir a estar aí me atrapalha”, mas estando vivo eu posso sempre vir a estar aí ("aí" que é qualquer lugar, uma vez que em qualquer lugar é possível encontrar um interlocutor), ou seja, eu, porque existo, atrapalho, eu, porque existo atrapalhadamente, porque não consigo fazer funcionar trajetórias simples experimentadas como cotidianas pela maioria (ou, ao menos, aparentemente assim o é), atrapalho, eu, ao invés, experimento-as como uma viagem ao núcleo duro de angústia, infernal e mortífero, e necessito me queimar, e necessito bater minha cabeça, cortar minha orelha, e necessito causar-me dor, porque eu ainda não sou capaz de duvidar da dor. A dor é sincera, isto é, a dor franca e totalmente física, claro, que em alguma instância essa angústia é também física (se primeira, última ou intermediária, já não sei), porém, a dor da agressão aos tecidos é mais direta e menos simbolizável, menos metafórica, pode-se conjeturar a respeito de “mas por que ele faz isso”, mas não a respeito de que aquilo dói. E é bom que doa, e que sangre ou verta pus, e que a cicatriz fique lá me lembrando: não é que tudo tenha sido tirado de você, você ainda pode se matar. Essa possibilidade, não obstante, ainda é muito fictícia, matar-se, (matar-me), pois é preciso que se passe por cima de muitas coisas. Por exemplo, si, a ideia que se faz de si, exterminador de si mesmo. Si como praga. (Em sendo si já sido, determinado, levado a cabo, terminado, exterminado, posto a seu termo, em seus próprios termos de seu próprio término, o fim de si pelo si sido, o termo em termos próprios de si não é determinante, terminante, isto é, é preciso que já não se seja si, para se terminar, auto determinar, ou melhor, o suicídio, melhor pensá-lo como extermínio de si, indeterminar-se). Mas também planos, planos de si e para si. Tudo que poderia ter sido. Nostalgia do que poderia, e, pior, aqui, do que poderá ser se não se fizer isso agora. Minha vida era-será tão boa, e eu pondo fim a ela. E quanto a o que serei? E o que haverá depois de ultrapassados os problemas terríveis e lancinantes de agora? Como pode ser que eu me mate? Logo eu por fim à minha vida? Estou estarei errado? Impossível saber. Posso pensar: sim, considero essa possibilidade porque os problemas estão especialmente terríveis, e já é sabido que os problemas, é possível dar fim a eles, ou melhor, resolvê-los. O problema é tal que a condição em que me ("me" talvez generalizável, isto é, arregaçável para abarcar outros) encontro significa sazonalidade de horripilância de circunstâncias. Da frigideira pro fogo. E de volta pra frigideira. Não se matar significa esperança de alguma hora melhor, do contrário seria masoquismo. Existe, sim, a hora melhor. Mas e daí?
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